quinta-feira, 9 de agosto de 2012

E por falar em flores...




Uma flor, quando desabrocha, jogando suas pétalas para além de si mesma, emana luz e perfume em todas as direções. Neste exercício de expansão, ela cumpre sua tarefa, levando cor e alegria a muitas criaturas, enfeitando o mundo e convidando todos ao agradecimento a Deus, o criador de toda essa beleza. Porém, em toda sua pureza, ela também se expõe, com toda sua fragilidade, a toda as intempéries do universo, a todas as agressões da própria natureza, seu berço e sua morada, sua origem e seu destino.
Ainda assim, sem medo, ela se ergue em busca de luz e calor, e se deixa sacudir pelo ar que se move à sua volta, ou queimar pelo sol que arde no topo do céu, ou surrar pela chuva que despenca pesada das nuvens.
Sem hesitar, ela se doa, completa e irrestritamente, ao mundo e aos seres, cumprindo a missão para a qual foi criada. E, nessa jornada, ela acaba também por murchar, secar e morrer, apagando seu brilho no mundo das formas, para espalhar sua essência no mundo mais sutil, consciente de que, cumprida a missão, ela mais nada tem a fazer aqui.
Todo serviço que se presta ao outro é como uma flor de luz no jardim espiritual da humanidade. E exatamente como uma flor, cresce, abre-se, expande-se e projeta-se para além de si mesmo, levando luz e perfume espiritual, como consolo, esclarecimento, esperança e amor a muitas consciências que gravitam inconscientes em torno do ilusório mundo das formas, sem se dar conta da real finalidade de sua própria existência.
Por isso, é importante que, como a flor bela e delicada, todo aquele que presta um serviço de ajuda ao próximo tenha consciência da transitoriedade de seu trabalho, de sua fragilidade, de sua sensibilidade ao meio em que existe e no qual atua.
A cada flor que morre, um fruto nasce e, dentro dele, novas sementes, promessas de vida, surgem, trazendo a renovação, justamente o cumprimento da promessa de que a flor continuará existindo, ainda que não em sua forma original.
A cada serviço ao próximo que se deixa para trás, outro surge mais adiante, mostrando que a renovação continua, que estamos todos caminhando, que não estamos parados e que continuamos todos precisando uns dos outros, uns dos serviços dos outros, uns das mãos dos outros.


(Maísa Intelisano)


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